Marco Antonio Barbosa, JB Online

RIO – Há muitos apostos – todos positivos – que podem ser reunidos ao nome de Will Eisner. O quadrinista americano (1917-2005) é creditado como introdutor da influência da linguagem cinematográfica nas HQs. Criou um dos mais icônicos super-heróis de todos os tempos, o Spirit (1940). E foi um dos primeiros a apostar no formato hoje conhecido como graphic novel: histórias longas, narrativas adultas, abordagens literárias. Um dos mais interessantes aspectos de sua longa obra, entretanto, às vezes fica em segundo plano: seu papel como arguto observador do cotidiano urbano. É essa faceta que sobressai no belíssimo álbum Nova York: a vida na grande cidade (Tradução de Augusto Pacheco Calil. 440 páginas, R$ 55), que inaugura o Quadrinhos na Cia., novo selo da Companhia das Letras dedicado apenas à dita “arte sequencial”.

O calhamaço de mais de 400 páginas é, na verdade, a compilação de quatro graphic novels que o artista lançou num momento que, para qualquer outro artista, poderia ser considerado como “crepuscular”. No fim da década de 70, com mais de 40 anos de carreira nas costas, Eisner apostou firme no formato dos “romances gráficos”, combinando uma abordagem artística absolutamente realista com uma rara percepção da poesia (e do surrealismo) que se esconde nos becos e vielas desfavorecidos da Grande Maçã. Nova York, a grande cidade (1986), O edifício (1987) e Pessoas invisíveis (1993), além do Caderno de tipos urbanos (uma coleção de vinhetas essencialmente visuais sobre a cidade) estão no pacote.

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